Todas as famílias vivem um tipo de vínculo de amor muito profundo que entrelaça todos os membros, mesmo que não tenham se conhecido. Todas as vivências atuam de algum modo como um pano de fundo em nossa vida. Algumas dessas experiências, especialmente as difíceis e sofridas podem atuar como pano de fundo de muitas doenças. O mesmo amor que cura é o mesmo que adoece, podendo levar à morte. Esse amor tão leal faz parte da consciência inconsciente e fica a serviço dos padrões mentais vividos por nossos ancestrais, se dispondo de modo leal e vulnerável a equilibrar algo que aconteceu antes da nossa chegada na família.
Geralmente, desequilíbrios da Lei do Pertencimento – em que todos têm o direito de pertencer a família – geram emaranhamentos profundos com efeitos destrutivos. Assim, um membro excluído será representado por outro no futuro, através de diversas dinâmicas, inclusive de doenças graves. Também por desequilíbrio da Lei da Hierarquia – onde quem chegou primeiro tem prevalência sobre o novo membro – também pode gerar desordens do fluxo do amor por desrespeitar a hierarquia das estruturas das posições na família. E as doenças também mostram isso.
Cada doença e cada sintoma, do mesmo modo, podem representar um membro excluído.
Algumas pessoas, inconscientemente, acreditam que através da doença ou do sacrifício de suas próprias vidas, podem resolver ou assumir o peso, a culpa de outro que viveu um destino muito difícil e, talvez, até há muito tempo atrás. Ficam então expostos a adoecer, sofrer acidentes e alguns até mesmo ao suicídio – por desejarem se unir a alguém através da morte…
E nesse tipo de dinâmica inconsciente, perpetua os sofrimentos, não salvam ninguém e sacrificam sua própria dinâmica de vida em diversas áreas, além de gerar a tendência de outros membros repetirem sua história e sofrerem também.
A extensão dos emaranhamentos pode ser revelada numa Constelação, onde podemos perceber, através dos representantes, a quem a doença ou a cura estão conectados.
A compreensão através das Constelações promove lucidez e liberação para que o doente possa optar internamente pela saúde, cura e pela vida.
Os vínculos mais profundos ocorrem entre pais e filhos, a seguir entre os irmãos, vivos ou mortos. Também dos filhos com os avós, também com ex parceiros dos pais e dos avós, podem gerar dinâmicas perigosas à saúde.
Vemos filhos tendendo a manifestar questões na vida e na saúde para se equipararem aos pais, por amor. Vemos que membros de uma família que estão saudáveis se sentem com responsabilidade pelos que estão doentes e sofrendo. Aqueles que tem uma vida feliz se sentem preocupados com os que estão infelizes e mal sucedidos. Do mesmo modo, alguns vivos olham para os que já morreram, ainda tentando fazer algo para eles.
Todos os vínculos são imperceptíveis e durante uma constelação podem ser revelados, percebidos, sentidos e quando tomamos consciência deles os enxergamos em nossos comportamentos. Assim, poderemos passar a ter mais lucidez de nossas dinâmicas e um novo olhar para a vida de forma mais lúcida e livre.
Algumas pessoas tentam pagar pela morte do outro através do sacrifício da própria felicidade ou da doença pela própria saúde. Essa necessidade de equilíbrio faz com que a doença vá na direção da alma.
A medicina convencional objetiva salvar as pessoas através da busca do eliminar a doença, mas o doente, estando a serviço dessa dinâmica sistêmica de forma inconsciente, também busca incluir alguém excluído. Desse modo, se enfraquece mais quando se tenta excluir a doença sem antes ter olhado para ela de um modo bem diferente. O ideal seria que a familía e os profissionais da saúde pudessem olhar para essas forças ocultas e entrarem em sintonia com esses destinos envolvidos com a doença e sintomas, para que a alma do doente possa se expandir além da doença que o ameaça, além desse destino, abrindo assim, a fluência da recuperação.
Um bom caminho para auxiliar a recuperação é através de um trabalho sistêmico, expor esse amor ao ente que se entrelaçou e reconhecer o seu desejo inconsciente de ajudá-lo. E tomar consciência da própria inocência, dessa esperança em trazê-lo de volta do reino dos mortos. Assim, o doente tomará consciência que não pôde superar a doença e a morte ou mesmo o sofrimento do seu ente familiar através do seu próprio sacrifício. E deverá se expor a tudo o que aconteceu antes de forma humilde e “aceitar” em seu coração tudo como foi, exatamente como ocorreu e concordar com tudo isso dentro de si.
E quando esses destinos se referirem as exclusões sobre nossos pais, e ou, qualquer julgamento, recusa contra eles, a doença e os sintomas serão muito evidentes por representarem algo de nós mesmos, nossos pais.
Desse modo, a doença ao perceber que aquele excluído foi visto, respeitado e aceito em seu destino seu papel terminou… podendo agora se afastar ou até mesmo se retirar completamente. E o doente sentirá paz ao entender isso. Incluir os excluídos traz força para a nossa saúde.